Sinos, os bronzes das nossas terras

Sim, são como as badaladas dos sinos que perpassam toda uma existência de várias gerações que tiveram ou têm o privilégio de ouvir estes sons divinos. Sons que ecoam nos vales e montanhas, por entre cidades, vilarejos e até metrópoles de todo o mundo, anunciando as horas e suas frações, anunciando o louvor divino, ou mesmo “purificando os ares poluídos”, como uma rosa que perfuma por entre espinhos.

Monsenhor Joaquim Nabuco, autor do artigo REB citado, inicia suas palavras lembrando Monsenhor Eisenhofer que diz: “os sinos... são uma criação da Igreja”. E continua o texto: “Como as Igrejas, assim também os sinos são consagrados a Deus desde o berço. Antes de serem levantados nas torres, são solenemente sagrados e, depois de colocados, seu uso é regido por lei canônica... É a voz de Deus, como diz a Igreja, que três vezes por dia, lembra os seus filhos o grande mistério da Encarnação do Verbo, que convoca seguidamente para os ofícios litúrgicos, que comunica alegrias e as tristezas”.

É o “advento” (a boa nova) no sentido eclesial.

Este singelo e às vezes solitário sonoro, inspirou grandes escritores e poetas como, citando apenas alguns brasileiros, Alberto d’Oliveira, Manuel Bandeira, Raul Maranhão e o belo soneto de Olavo Bilac : “Plangei os sinos...Torres da fé, vibrai os nossos brados”.

Não, não podemos calar nossos sinos em prejuízo do louvor à majestade divina...

São estes sinos, que alguns transformaram em armas de guerra, e que em seguida se fizeram instrumentos que anunciaram a paz reinante. “Armas geram crimes; instrumentos levam à paz”.

As torres das Igrejas são igualmente importantes no contexto de uma cidade cristã. Apontam para Deus e sinalizam, pontuam um referencial cristão numa cidade ou província. E são estas torres que em sua maioria sustentam estes valiosos instrumentos.

Lembro de pessoas com quem comentei este tema, que afirmaram sabiamente: “Igreja sem sino é igreja morta”. Entendo nesta citação que a igreja que não convida e não anuncia, fatalmente não tem vida.

A importância deste instrumento sonoro é inigualável. A partir deste, surgem os magníficos campanários, ou carrilhões, que por controle de músico especializado é capaz de entoar hinos de louvor. Basta lembrar a belíssima apresentação de André Rieu, reconhecido músico e maestro, quando no concerto em sua cidade natal, regeu a obra “Swinging Bells Of Limburg” (os sinos badalantes de Limburg), de J.Hoes, para o deleite e admiração de milhares de pessoas presentes, e para milhões ao redor do mundo.

Seria por demais lastimável negligenciar ou desprezar os valores destes “componentes” da casa de Deus, ou se preferirem: silenciar as vozes de todos os tempos, como o fizeram alguns no passado, que por conta da imposição fundamentalista ou pessoal, de alguns que até hoje requerem o “silêncio das vozes divinas”.

A partir da introdução do relógio da torre, os sinos também ocuparam a importante função de anunciar as horas e suas frações, norteando o dia e nos lembrando de que “a vida humana contabiliza minutos irreversíveis... Viva-os com qualidade”.

Creio que seria certamente mais acolhedor ouvir o badalar diário dos sinos em nossas torres do que silenciando estes, ouvirmos os rojões devastadores das mais diferentes “guerras” e conflitos... Ouvir os gritos das vitimas das atrocidades desumanas.

Monsenhor Nabuco ao encerrar seu trabalho nos abrilhanta com os versos de Raul Maranhão:

“Não sei porque sempre que o sino tange

Dentro de mim tudo é melancolia...

Parece que minha alma se constrange

Para lhe ouvir melhor a nostalgia”.

E, este poeta, desejoso de ouvir as campanas do nosso Brasil vibrarem, repetia com Olavo Bilac:

“Em repiques de febre, em dobres a finados,

Em rebates de angústia, ó carrilhões, dos cimos

Tangei! Torres da fé, vibrai os nossos brados”.

Sim, “a finados” lembra-nos o poeta, a dor dos exilados e oprimidos... “dos cimos”, exorta as alturas do brado de liberdade...

Tenhamos pois estas palavras como um apelo ao amor fraternal, como nos exorta o Apóstolo Paulo em sua primeira carta aos Coríntios: (1Co 13,13) “...permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”. E que este amor se solidifique em nossos corações para em paz aceitar os sons dos belos sinos, tal como os sons da Natureza criados por Deus.

BERNER, Walter

Portal Luteranos (29-09-2009)

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